A 13ª Sessão Ordinária de 2023, realizada na noite desta terça-feira (2) em Canaã dos Carajás, foi de ânimos exaltados entre os vereadores do município. Em pauta, a situação de 24 famílias da região do Cristalino, que fica na zona rural de Canaã, já na divisa com Curionópolis, que podem ser despejadas de suas terras sem indenizações. De acordo com os vereadores, isso aconteceria como uma forma de punição às famílias pelo fato de terem permitido a mineração ilegal dentro das terras. As famílias vivem, atualmente, um imbróglio judicial com a mineradora Vale, que acionou a justiça requerendo a desapropriação das áreas.
A vereadora Maria Pereira fez o uso da tribuna durante o Grande Expediente para falar sobre o tema. A parlamentar não poupou críticas à empresa e deixou claro que é favorável à instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a Vale. A vereadora também questionou a chamada responsabilidade social da empresa e as contrapartidas pela exploração mineral no município.
A vereadora afirmou que a Vale está acostumada a não levar a sério os anseios das comunidades rurais e nem do povo de Canaã e, segundo as suas palavras, “está acostumada a matar as pessoas no cansaço”. Maria direcionou sua fala à diretoria da mineradora. “Quero que o pessoal da Vale saiba que aqui em Canaã tem uma vereadora doida. Nós vamos montar uma CPI, vamos tirar a linha de ferro que a empresa construiu em cima da terra das pessoas. Vocês [A Vale] tiraram as pessoas de lá a troco de bala, mas vocês acham que só tem bala na arma de vocês? Não é.”
A legisladora foi categórica ainda ao dizer que nenhum vereador foi eleito para defender os interesses da empresa. “Nós fomos eleitos para defender o povo. Se for preciso, vou botar um blusão, um chapéu e nós vamos arrancar aquela linha de ferro que tem lá. Vamos fazer CPI, vamos pegar as 300 famílias do Cristalino, as 19 da Serra do Rabo, e mais um bocado que tem raiva dela e colocar na linha de ferro que é de lá que tira o nosso recurso. Se você cortar a linha de ferro um dia, tenho certeza de que a Vale vai ter mais prejuízo do que pagar o que é de direito a essas pessoas.”
De acordo com a vereadora, a Vale precisa sentar com as famílias, definir um preço justo para indenização e fazer os pagamentos. “A Vale não pode chegar na casa dos outros botando ordem; ela não é dona de nada. O que ela paga são os royalties e isso é uma obrigação. Cadê a responsabilidade social? Cadê o hospital que ela já construiu? Cadê a concessão que era pra ser com 10 anos? Cadê a concessão da escola que era pra ser com 10 anos? Nós não temos o direito nem de botar um filho nosso particular na escola da Vale, nem pagando. Eu vou mostrar pra Vale se aqui não tem uma mulher que tem coragem e uma Câmara de Vereadores com vergonha na cara.”
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